sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

HIPERTROFIA SARCOPLASMÁTICA E MIOFIBRILAR

Ciência e Prática do Treinamento de Força
Zatsiorsky, 1999
Hoje vou falar sobre a famosa hipertrofia, tão desejada por todos que praticam o treinamento neuromuscular, até mesmo aqueles que não admitem que gostariam de ter um corpo um pouco mais volumoso.
                Para começar, qualquer atividade física que seja iniciada por uma pessoa sedentária resultada em hipertrofia dos membros que foram trabalhados. Porém essa pessoa que ganhou 1 ou 2 cm de circunferência de braço ou de coxa, não conseguirá mais o mesmo resultado com o mesmo tipo de treinamento. Para continuar a ter respostas hipertróficas, o indivíduo deverá partir para o treinamento neuromuscular (conhecido como treinamento contra resistido, musculação ou de força), e estar sempre utilizando um dos princípios mais importantes do treinamento de força, a sobrecarga (ROBERGS e ROBERTS, 2002)! Quando falamos em sobrecarga não falamos somente no aumento da intensidade em forma de carga, podemos aumentar a sobrecarga aumentando o volume de treinamento (séries, repetições, exercícios) ou aumentando a intensidade reduzindo o intervalo entre as séries, realizando séries forçadas, negativas, etc. Mas uma coisa importante: nunca troque a boa forma de execução dos exercícios para colocar mais peso! Treine os músculos e não o ego!
                O treinamento neuromuscular pode gerar dois tipos de hipertrofia, a sarcoplasmática, e a miofibrilar (ver imagem). A sarcoplasmática se refere ao aumento do volume do sarcoplasma da célula, de fibras não contráteis e de glicogênio muscular (composto de glicose dentro da célula muscular para gerar energia), e é gerada a partir de treinos com repetições mais elevadas e intervalos mais curtos, bem como quando se utiliza drop sets, bi sets, ou superséries (ZATSIORSKY). Esse tipo de treinamento gera maior aumento do volume muscular e da resistência em alta intensidade (FLECK e KRAEMER, 2006), porém menos ganhos de força. Ele é conhecido também como sobrecarga metabólica. Este é o tipo de hipertrofia mais vista em atletas de fisiculturismo, que possuem uma baixa força relativa comparada com atletas de powerlifting ou levantamento olímpico por exemplo.
                Já a hipertrofia miofibrilar é o aumento e engrossamento das miofibrilas (pequenas estruturas proteicas que realizam a contração dentro da fibra muscular)(ZATSIORSKY). Este tipo de hipertrofia é mais vista em atletas de powerlifting, e gera maior ganho de força, densidade muscular e fortalecimento de tendões e ligamentos, porém não gera tanto volume muscular quanto o treino sarcoplasmático. Para obter essas respostas o treino deve ser realizado com pouquíssimas repetições e intervalos longos entre as séries, evitando usar técnicas como drop set. Esse treino é conhecido também como sobrecarga tensional.
REFERÊNCIAS
Fleck SJ, Kraemer WJ. Fundamentos do Treinamento de Força Muscular. Editora Artmed, 3ª edição, 2006.
Robergs RA. Roberts SO. Princípios Fundamentais de Fisiologia do Exercício para Aptidão, Desempenho e Saúde. Editora Phorte, 2002.
ZATSIORSKY, V., M. Ciência e Prática do Treinamento de Força. São Paulo, editora Phorte, 1999.

domingo, 9 de janeiro de 2011

TREINAMENTO FÍSICO E SAÚDE

          As doenças crônico degenerativas vem crescendo muito nos ultimos tempos, e isso só vem acontecendo devido ao grande crescimento do sedentarismo e má alimentação (ABESO 2009), onde pessoas compram somente comida pronta, ou comidas elatadas, fast food, açúcar e farinha branca. Por outro lado a medicina avança e consegue remediar inumeras doenças e prolongar a vida destas pessoas. Isso é bom, muitas pessoas vivem por muito tempo, mas com uma qualidade de vida muito inferior. Diabéticos, hipertensos, cardiopatas, osteoporóticos e obesos poderiam levar uma vida normal, ou muito proximo disso se praticassem exercícios físicos de forma correta e uma dieta saúdavel.
          Por exemplo, as nossas células musculares possuem receptores de glicose (chamados de GLUT4), no qual são levador a membrana e abertos quando a insulina (hormônio liberado pelo pâncreas) se liga a célula fazendo com que a glicose entre na célula. Quando se realiza exercícios físicos, este receptor GLUT4 sobe para a membrana plasmatica da célula muscular e realiza a captação da glicose, sem a mediação da insulina, sendo extremamente eficaz para reduzir a glicemia em individuos diabéticos. Além disso o exercício aumenta o consumo de glicose pelo musculo por até 48 horas, aumentando a sensibilidade a insulina neste periodo (ROBERGS e ROBERTS 2002)
          Para os hipertensos, ao realizar exercícios físicos, neste caso com predominância aeróbica, a pressão arterial irá subir durante o exercício, sendo que os barorreceptores, localizados nas artérias enviam um sinal ao centro vaso motor, para que ocorra a ativação do sistema nervoso parassimpático, o qual aumenta o tônus vagal e consequentemente diminui a pressão arterial para retornar a homeostase. Esse efeito depende da intensidade e do volume do exercício, sendo recomendado exercícios de maior duração e de predominancia aeróbica (FORJAZ e Colaboradores, 1998).
A hipotensão pós-exercício pode chegar a valores de 10 a 12mmHg e 6 a 7mmHg abaixo dos valores pré-exercício para pressão sistólica e diastólica respectivamente, e isso pode perdurar por até quatro horas (FOSS e KETEYIAN, 2000)
          Cardiopatas podem se beneficiar com o exercício pelo fato dele reduzir o colesterol LDL (colesterol "ruim") e aumentar a produção de HDL(colesterol "bom") pelo fígado, evitando assim a aterosclerose, doença a qual ocorre inflamação do endotélio vascular, que consiste na formação de placas compostas por lipídios e tecido fibroso, diminuindo aos poucos o diâmetro do vaso (PITANGA 2000). Além deste benefício, ocorre também a angiogênese (formação de novos capilares), que pode facilitar a nutrição do miocardio e evitar um infarto agudo caso já existam vasos comprometidos.
          Osteoporóticos são aquelas pessoas que possuem uma densidade óssea abaixo do normal, fraturando facilmente os óssos com qualquer queda (SIMÃO 2004). Geralmente essas pessoas além de ter osteoporose possuem também sarcopenia (diminuição exacerbada do tecido muscular gerando fraqueza) (ACSM 1998). Para este tipo de população é fundamental o treinamento de força, pois além de estimular a hipertrofia muscular, a massa óssea também é aumentada (ACSM, 1998). Pesquisadores encontraram em levantadores de peso a maior densidade óssea já vista, na região coluna lombar. Para melhores resultados é recomentado treinos com exercícios multiarticulares como supino, agachamento, remadas, levantamentos e desenvolvimentos. O resultado em densidade óssea é mais lento, demorando de 6 a 12 meses (FLECK e KRAEMER 2006).
          E por ultimo, vamos falar sobre a obesidade. Deixei por ultimo pois a pessoa que possui obesidade pode vir a ter um ou todas estas doenças comentadas acima, além de dores articulares pelo excesso de peso e baixa autoestima. O indivíduo obeso é caracterizado pelo IMC superior a 30 e circunferência da cintura acima de 115 para homens e 100 para mulheres, porém o ideal é não ultrapassar os 96cm para homens e 76cm para mulheres (SBC 2006). O IMC sozinho não é uma forma ideal de classificar a obesidade, pois podemos pegar um atleta de fisiculturismo e ele possuir um IMC acima do normal. Porém toda a massa corporal dele é composta de massa muscular e não de tecido adiposo. Podemos mensurar a obesidade utilizando o percentual de gordura que pode ser avaliado de inumeras formas, da mais cara e fidedigna a mais barata e com maior percentual de erro: DEXA, ultra som, plicometro, bioimpedancia tetra polar e bioimpedancia manual ou de balança.

          Podemos ver que o ser humano foi feito para se mexer, correr, fugir, lutar, caçar, colher, etc.. porém com a evolução (se é que podemos dizer evolução, pois cada dia estamos mais bitolados e esquecendo os valores mais importantes, mas isso nao vem ao caso) nos mexemos cada vez menos, e comemos cada vez mais besteiras, facilitando a chegada de inúmeras doenças. Antes que isso aconteça, inicie um programa de exercícios físicos e uma dieta balanceada, ou caso você já se enquadre em alguma dessas doenças, procure seu médico verifique em que estágio está e inicie também um programa de exercícios físicos com um profissional qualificado visando a sua saúde!



Professor Yesudian Yamada da Gama
Especialista em Fisiologia do Exercício
Mestrando em Odontologia, área de Biociências
CREF 014532-G/PR


Forjaz CLM, Santaella DF, Rezende LO, Barreto ACP, Negrão CE. A duração do exercício determina a magnitude e a duração da hipotensão pós-exercício. Arquivo brasileiro de cardiologia, volume 70, nº2, 1998.

Foss, ML, Keteyian, SJ. Bases fisiológicas do exercício e do esporte. 6ª edição. Editora Guanabara, Rio de Janeiro, 2000.

American Colege of Sports and Medicine. Exercise and physical activity for older adults. Medicine and Science in Sports and Exercise: Position Stand 1998:1510-1530.

Simão, R. Fisiologia e prescrição de exercício para grupos especiais. São Paulo, editora Phorte, 2004.

Associação brasileira para o estudo da obesidade e sindrome metabólica. Diretrizes brasileiras da obesidade. 3ª edição, São Paulo, 2009.

Robergs RA. Roberts SO. Princípios Fundamentais de Fisiologia do Exercício para Aptidão, Desempenho e Saúde. Editora Phorte, 2002.

Pitanga, FJG.Níveis de prática de atividade física e sua influência sobre o perfil lipídico em indíviduos de ambos os sexos. Revista brasileira de atividade física e saúde. Volume 5, nº1, 2000.

Fleck SJ, Kraemer WJ. Fundamentos do Treinamento de Força Muscular. Editora Artmed, 3ª edição, 2006.

Sociedade Brasileira de Cardiologia. Índice de massa corporal e circunferência abdominal: associação com fatores de risco cardiovascular. Arquivo brasileiro de cardiologia, 2006. 

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

MELHORES RESULTADOS COM O TREINAMENTO

O erro mais comum que tenho visto nas academias, parques e outros locais onde ocorre a prática de atividade física é a falta de intensidade. A maioria das pessoas simplesmente anda, ou realiza exercícios com pesos em uma intensidade tão baixa que não gera um gasto energético significativo. Outro erro clássico, porém menos visto, é iniciar as atividades com intensidade totalmente elevada, sendo que a pessoa nem passou por um período de adaptação neural. O que pode acontecer no primeiro exemplo é a pessoa ficar se exercitando por meses sem obter o resultado desejado! Já no segundo exemplo, a pessoa pode sofrer uma lesão, ou simplesmente desistir dos exercícios por não aguentar a rotina de treinos!
O que é necessário fazer é passar por um período de adaptação neural que dura em torno de 2 a 8 semanas (FLECK e KRAEMER p.78, 2006) dependendo do histórico de atividades físicas do cliente e a partir disso trabalhar com intensidade, seja com objetivos de estética, performance ou saúde! E porque trabalhar com intensidade alta? Simplesmente porque o gasto energético é muito maior e as respostas hormonais muito superiores ao treino de baixa intensidade! Por exemplo, quanto maior a intensidade, maior a liberação dos hormônios adrenalina e noradrenalina, que são hormônios lipolíticos (atuam na quebra de triglicerídeos ou seja, gordura) (BERNE e LEVY p.748, 2009; ROBERGS e ROBERTS p. 188). Outro hormônio que é liberado logo após o exercício é o hormônio de crescimento (GH), no qual também auxilia na lipólise, além de regenerar o tecido muscular! E isso ocorre tanto nos exercícios com pesos (musculação) como nos exercícios de resistência geral (corrida, ciclismo, etc.). Outro fator importante para se realizar atividades intensas, é que após o exercício o indivíduo mantem sua taxa metabólica alta, gastando mais energia mesmo em repouso! Isso é chamado de EPOC, sigla em inglês que significa: excesso de oxigênio consumido pós-exercício (FOUREAUX, PINTO, DAMASO, 2006).
Aqui vão as calorias gastas em alguns exercícios físicos:
Musculação intensa (menores grupos musculares gastam menos): 15kcal por minuto, 50min= 750kcal
Corrida a 12km/h: 15kcal por minuto, 50min=750kcal
Caminhada moderada/leve: 3,6kcal por minuto, 50min= 180kcal
Ginástica: 8kcal por minuto, 50min= 400kcal
Então para concluir, realizar exercícios mais intensos e de curta duração, aliado a uma boa dieta e descanso, você poderá atingir excelentes resultados, seja para melhorar a estética, a performance, ou a saúde, pois para atingir os mesmos é necessária a quebra da homeostase (equilíbrio dinâmico do organismo).
Não esqueça que para ter resultados com segurança é necessário sempre procurar um profissional de Educação Física e um nutricionista esportivo.
Professor Yesudian Yamada da Gama
Especialista em Fisiologia do Exercício
Mestrando em Odontologia, área de Biociências
CREF 014532-G/PR

Referências:
Foureaux G. Pinto KMC.  Damaso A. Effects of excesso post-exercise oxygen consumption and resting metabolic rate in energetic cost. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Vol 12, Nº6, 2006.
Koeppen BM. Stanton BA. Berne e Levy: Fisiologia. Editora Elsevier, 6ª edição, 2009.
Fleck SJ, Kraemer WJ. Fundamentos do Treinamento de Força Muscular. Editora Artmed, 3ª edição, 2006.
Robergs RA. Roberts SO. Princípios Fundamentais de Fisiologia do Exercício para Aptidão, Desempenho e Saúde. Editora Phorte, 2002.